domingo, 13 de novembro de 2011

O cinema na Mata Norte: histórias de quem viu | Seu Vilmar Gomes

A Mostra Canavial de Cinema vai oportunizar, nas cidades da Mata Norte de Pernambuco, um contato especial com o cinema. Será a chance de muitas pessoas conhecerem o mundo da sétima arte.

Para alguns outros personagens, será a oportunidade de relembrar a época em que frequentavam o cinema nas suas próprias cidades, sem precisar ir à capital.

A Mostra Canavial de Cinema recolheu alguns depoimentos de pessoas especiais que têm histórias relacionadas ao cinema para contar.

Vilmar Gomes

(publicitário)

A conversa com Seu Vilmar é daquelas que sempre deixam um gosto de quero mais. Há tanta história para contar, e, das histórias desse exímio contador, publicitário da cidade de Goiana, o cinema merece um capítulo especial. Para Seu Vilmar, o cinema marcou profundamente a juventude das pessoas que iam às salas dos Cines Nácar e Rex. Em Goiana, os cinemas surgiram por iniciativa de comerciantes visionários e eram umas das poucas opções de diversão para os jovens.

Com a palavra, Seu Vilmar:

“Na década de 1950, eu fui muito para o Cinema Nácar (hoje Polythema). Já com uns treze anos de idade, ia segurado pelo dedo do meu pai, eu de um lado, meu irmão de outro, para que nós não nos perdêssemos. E a rua quase que não tinha ninguém, mas era o medo da rua porque já era de noite e a luz era precária. A gente ia para o cinema para assistir a um filme e geralmente era um bang-bang, com Roy Rogers, Johnny Mack Brown, ou seriados como Segredo da Ilha Misteriosa, Segredo da Ilha do Tesouro. Seriados esses que eram às sextas-feiras e aos sábados, nas sextas-feiras para ‘pegar’ os jovens da cidade, nos sábados para ‘pegar’ os adolescentes da periferia, que juntavam aquele dinheirinho para ir ao cinema”.


“As entradas custavam na faixa de dois mil réis, dois e quinhentos, mas tinha ‘a geral’, que era onde a imagem era projetada ao contrário. Os jovens se juntavam, ao invés de pagar dois mil réis e quinhentos, iam para a geral, onde pagavam mil e duzentos. Pagando mil e duzentos, sobrava dinheiro para comprar o rolete [de cana], a pipoca, para comprar o amendoim, tinha aquela farinha de castanha, tudo isso... A gente gastava o dinheiro nisso”.


“Eu fiz até uma propaganda uma vez aqui em Goiana de um filme, era um bang-bang italiano, era Ajuste de Contas. Em cada cena, um tiro; em cada tiro, uma queda. Essa era a propaganda do filme (risos)”.


“Teve um filme da Paixão de Cristo que passou aqui, e na geral desse filme estava um rapaz aqui de Goiana que era meio doidinho. Na geral não tinham poltronas, e nem cadeiras, eram tamboretes para se sentar. Na parte em que os soldados romanos começaram a bater em Cristo, o doidinho se levantou e disse: ‘tanto homem aqui e ninguém para defender aquele cabra.’ Aí ele sacudiu o tamborete na tela e o tamborete foi parar na plateia, do outro lado da geral” (risos). São fatos que o cinema provocou”.

Facilitando contatos,divulgando ideias culturais.

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