terça-feira, 22 de novembro de 2011

O cinema na Mata Norte: histórias de quem viu | Severino Belarmino

A Mostra Canavial de Cinema recolheu alguns depoimentos de pessoas especiais que têm histórias relacionadas ao cinema para contar.

Severino Belarmino

(pequeno empresário em Nazaré da Mata)

Severino Belarmino é um pequeno empresário da cidade de Nazaré da Mata. Entre outras atividades, trabalha na área cultural com sonorização de eventos e já foi dirigente da Revoltosa, escola de música fundada em 1915.

Numa conversa descontraída, Seu Belarmino relembrou os tempos de garoto em Nazaré da Mata, quando assistia aos filmes de Hollywood na “chiola” do Cine Teatro Lux, espaço atrás da projeção original, onde era possível pagar mais barato para ver os filmes que apareciam com as imagens e legendas invertidas, mas que, mesmo assim, atraíam os jovens que iam em busca de diversão.

Nazaré da Mata é uma cidade bastante cultural, inclusive na área do cinema. Existiam dois cinemas aqui, um era o Bento XV, que hoje é conhecido como o Palácio do Bispo; e o Cine Lux. O cinema em Nazaré era uma festa, já se aguardava nas quartas-feiras, sextas, sábados e domingos para assistir aos filmes. Quinze para as seis (da noite) tocava uma cigarra e a cidade toda ouvia, todo mundo já sabia que era a hora de se aprontar pra ir ao cinema”.


“O Cine Lux era muito bonito, tinha uma entrada muito exuberante com umas portas de vidro onde ficavam os cartazes. A parte da frente era a parte da alta sociedade que via o cinema na posição normal. Na outra parte se via tudo ao contrário, as letras (legendas) ficavam ao contrário...Essa parte era chamada aqui de ‘chiola’. Na ‘chiola’ não havia cadeiras, eram arquibancadas, era cheio, uma vibração”.

“Ir ao cinema era um grande passeio, uma coisa fantástica, e com as emoções diferentes. Todo fim de semana tinha um filme diferente. Os filmes que corriam o mundo estavam numa cidade como Nazaré. Era um privilégio muito grande. Assisti Tarzan; O Auto da Compadecida...

“O Cine Teatro Lux tinha como dono Seu Benedito, antes dele foi Seu Joel de Lima, homem muito culto. No Cine Lux não passava só filme, tinha teatro, tinha musical, tinham orquestras que faziam a trilha ao vivo”.

“Eu lamento muito que a juventude de hoje aqui em Nazaré não tenha a oportunidade que eu tive de ter uma cultura mais forte, mais local. O cinema faz falta, tem uma moçada aqui com trinta anos que nunca foi ao cinema, e a gente antes tinha a maior facilidade. É necessário que haja políticas públicas, projetos que tragam pelo menos de vez em quando esse cinema para Nazaré”.

Facilitando contatos,divulgando ideias culturais.

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