Luiz de França do Nascimento
Cinema, uma alegria de muitos anos
Foto: Jaqueline Bandeira
Luiz de França do Nascimento (71) é poeta e se prepara para lançar o seu 6o livro. Ele foi um dos fundadores e o primeiro presidente da União Carpinense de Escritores e Artistas (Ucea). Numa conversa de muitas descobertas, Luiz de França conta que as sessões de cinema fizeram parte da sua adolescência e juventude e que as salas de projeções existiam em Carpina no fim da década de 50, e alcançaram seu auge na década de 60, até serem fechadas no início dos anos 70.
“O cinema era a diversão do jovem, do adulto, era o lugar onde se paquerava, namorava, arranjava uma namorada... e apagava as luzes, ficava escurinho, era o ponto de encontro. As cadeiras do cinema eram reclináveis e toda sessão era fechada de gente. E existiam nas quartas-feiras os seriados, como as novelas. Eram filmes, mas divididos em capítulos. E quando estava no melhor: 'volte na próxima semana'. Na melhor parte terminava e esperava 8 dias para ver o resultado”.
“Foi uma época da minha juventude que a gente viveu tudo isso, a gente não precisava ir para Recife, tínhamos quatro cinemas aqui pertinho.”
“Nas salas de projeções existiam a primeira classe e a segunda classe; 1ª era bem mais longe da tela e a 2 era bem pertinho A princípio a tela ela era pequena e preto e branco, depois surgiu um telão, a tela bem grande que se chamava ‘ascor’, que passava os filmes coloridos. E tinha uma curiosidade: a segunda classe também era por trás da tela que via tudo ao contrário e se pagava bem pouco para assistir.”
“Na minha época todo mundo queria ser herói, então eu gostava muito dos filmes do Zorro, o Rock Lane, Cowboy, os filmes de amor. Aí veio o maior sucesso que ainda hoje eu lembro, eu e minha esposa assistimos umas 10 vezes Dio, come eu ti amo com Gigliola Cinquetti. Depois vieram os épicos: Os Dez Mandamentos, Os três Mosqueteiros, Tarzan... Então isso não sai da memória. Ainda hoje eu tenho vários DVDs de Cowboys, mas no cinema era muito bom, aquele telão era bom demais!”
“Faz tempo que o cinema de Carpina acabou, faz mais de 40 anos. Eu não tenho a data precisa, porque quando a gente era jovem não se importava muito com essa coisa de data, mas foi nessa época. O cinema faz muita falta na cidade, apesar do advento da televisão, na década de 50 e 60, e da informática, mas faz muita falta.”
“Ainda acho que hoje quando se fala em cinema a criançada corre para ver, quando um cinema itinerante chega nas cidades é uma festa. É diferente da televisão.”
“Eu acredito que se o cinema voltasse [em Carpina] teria o mesmo sucesso de antes e eu, com certeza, iria. Eu iria reviver, iria com minha esposa renamorar. Eu acho que é necessário voltar àqueles tempos.”
Serviço:
2ª Mostra Canavial de Cinema
Quando: de 15 de novembro a 2 de dezembro
Local: Praças e espaços públicos das cidades das cidades de Vicência, Aliança, Condado, Goiana, Tracunhaém, Carpina e Nazaré da Mata
Hora: Exibições cinematográficas com início às 19h30;
Quanto: Aberto ao público
Informações: www.mostracanavial.com.br