2ª
Mostra Canavial de Cinema: debates, filmes, participação do público e a
construção contínua
Na segunda edição o
evento reafirmou a importância de fortalecer o desenvolvimento do audiovisual
Por Nice Lima
Várias ideias na cabeça e colocadas
nas rodas de discussões, emoção daqueles que nunca viram cinema ou há muito não
se encontravam com a sétima arte e muita, mas muita vontade de fazer e debater
o audiovisual em Pernambuco. Esses foram alguns pontos que marcaram a segunda
edição da Mostra Canavial de Cinema, evento que integra o Festival Canavial e,
mais uma vez, teve incentivo do Funcultura e Governo de Pernambuco.
De 15 de novembro a 2 de dezembro,
sete cidades da Zona da Mata Norte (Vicência, Aliança, Condado, Goiana, Tracunhaém, Carpina e Nazaré da Mata) receberam, em espaços públicos e
de acesso gratuito, mostras de curta- metragens e nos dias 1 e 2 o Engenho Santa Fé, em Nazaré da Mata,
serviu de cenário (e que belo cenário) para receber professores, estudantes,
cineastas e demais pessoas envolvidas com a cena audiovisual ou ávidas por
conhecer mais sobre a área. Entre estes estava Salatiel Cícero (22), estudante
de Comunicação Social e um dos selecionados para o primeiro curso do Núcleo de Produção Engenho Digital – NPED. “Meu objetivo participando do curso é fazer com que o aprendizado possa
ser reaplicado com a proposta de cinema comunitário, as pessoas fazendo vídeo
com celular em escolas, praças, para as pessoas mostrarem a sua comunidade de
uma maneira simples e sem custos”. A princípio, o NPED terá base no Engenho Poço Comprido, em Vicência, e realizará um curso de 170 horas/aulas com foco na produção de documentários. O NPED desenvolverá ações para a consolidação do APL em audiovisual na região, atuando na formação de olhar crítico, formação de público, discussões de políticas públicas, formação técnica e produção de conteúdo audiovisual. No
último fim de semana, em Nazaré da Mata, Salatiel já pôde conhecer alguns dos
futuros colegas de curso, já que os seminários contaram como primeira atividade
pedagógica de formação.
A Mostra teve um público participativo
não apenas nos debates do Seminário, mas também nas projeções divididas em 14
sessões nas 7 cidades. Gente como a senhora Maria do Carmo (68), moradora de
Nazaré da Mata e que, até então, nunca havia assistido filme numa estrutura
como a de um cinema. Enquanto trabalhava no seu fiteiro na Praça dos Lanceiros,
em Nazaré, Dona Maria prestigiava as exibições dos curta-metragens. “Eu gostei muito, é muito bonito. De vez em
quando eu olhava para ver, tinha umas coisas que eu entendia, outras eu nunca
tinha visto não”. Relatou a vendedora enquanto assistia às projeções e
atendia as pessoas.
E pelo jeito, pela importância do
evento, Dona Maria tem tudo para ainda conferir outras sessões de cinema no
interior, pois a vontade é de continuidade do projeto. Para o Coordenador-geral
da Mostra, Caio Dornelas, a expectativa é de fortalecimento das atividades promovidas
pela Mostra. “O evento trouxe
mais oxigênio para os trabalhos desenvolvidos pelo Núcleo de Produção
Engenho Digital, fortalecendo as relações entre as pessoas da região que
têm a atitude de desenvolver uma produção audiovisual sustentável com uma série
de profissionais conceituados e que desejam colaborar com o sucesso dos
empreendimentos em audiovisual. Juntamos mais forças, somamos mais criatividade
e força de seguir com nossos objetivos”, relata. Há também a sugestão de
estender as exibições para outras cidades da Mata Norte (Timbaúba e Itambé
estão cotadas). Agora é esperar 2013 para mais uma expedição cinematográfica.
Fotos, pela ordem em que aparecem: Mostra em Vicência (Créd.Raphael Maltas Clasen); Salatiel Cícero (Créd.Nice Lima); Maria do Carmo (Créd.Nice Lima); Caio Dornelas (Créd. Juliana Brainer)